Traduzindo literalmente do chinês, é “um cartaz com grandes ideogramas” (大字报), ou apenas, uma forma de cartaz feito artesanalmente ou a mão.
No entanto, Dazibao foi mais do que isso na China: Dazibao foi um movimento de expressão autêntica, pelo qual a população do país resolveu mostrar suas idéias. Seu surgimento histórico é incerto, mas em torno de 1911, com o fim do império manchu, e o início da república chinesa, eles se transformaram num verdadeiro meio de reclame popular, e se difundiram por todo o país.
O Dazibao era simples: um papel grande, do tamanho de uma cartolina, uma idéia na cabeça, e uma mensagem curta, de poucas palavras. Após escrevê-lo, o autor o fixava num muro qualquer em que as pessoas pudessem vê-lo. Às vezes, colava-o na parede da casa de um funcionário do governo (se fosse uma reclamação). A idéia é que muitos vissem, e copiassem. Quem não sabia ler, pedia informação pra outro. Numa época em que a impressa era modesta, e poucos jornais circulavam, o Dazibao expressava o que a população pensava e queria.
Já na época comunista, Mazedong estimulava as crianças em fase de alfabetização a fazerem Dazibao’s. Em 1966, o próprio Mao em pessoa foi até a universidade de Beijing ver milhares de Dazibao’s que os alunos andavam colando nos muros da faculdade, reclamando que os diretores eram reacionários, conservadores e anti-revolucionários. Foi o que ele precisava para fazer a Revolução Cultural, que a juventude apoiou em massa.
A lógica do Dazibao era democrática: os cartazes defendiam posturas, mandavam mensagens, e debatiam com outros cartazes. Algumas vezes, um certo Dazibao, depois de alcançar fama e respaldo, podia ser copiado e mimeografado. Prevalecia, contudo, o debate aberto. Longas seqüências de discussão eram postadas e apreciadas nos muros, como ocorre nas comunidades virtuais de hoje. Todavia, quando o comunismo apertou o cerco, a discordância sumiu dos muros, e os cartazes alternativos começaram a ser colados a noite, longe dos olhares autoritários.
Mesmo assim, em 1975, o governo chinês garantiu, sob forma de lei, o direito do povo de escrever Dazibao’s.
Em 1978, um dos mais importantes documentos da história chinesa, chamado A quinta modernização, foi um Dazibao. Ele proclamava a democracia como o último dos elementos necessários ao completo sucesso da revolução chinesa. Foi copiado e distribuído por todo o país, sob os auspícios do governo.E você, o que espera pra dizer o que pensa?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.