Pensando nas Ruas, ou - Como se pode ensinar Filosofia?


Devido à recente determinação do governo em tornar novamente obrigatório o ensino de Filosofia no Ensino Médio, pudemos constatar o grave problema que envolve a existência de muito poucos profissionais preparados, e de métodos adequados, para levar isso adiante. Prefiro, claro, adotar o ponto de vista do antigo sábio chinês Confúcio, para quem “um problema já trazia consigo, também, uma solução”. O risco é grande ao lançarmos o ensino de Filosofia assim, de pronto, sem um preparo antecipado – e não devemos esperar muito dos primeiros resultados. Por outro lado, adiar sua efetivação poderia criar uma daquelas odiosas situações em que tudo fica sendo protelado indefinidamente até não mais sair do papel – e isso seria ainda mais lastimável.

Situações como essas acabam nos incitando a dar uma resposta - e para quem gosta de desafios, esta é uma delas. A oportunidade de transformar isso em um Projeto surgiu justamente quando, no final de 2007, o governo do estado do Paraná lançou o programa intitulado “Universidade sem Fronteiras”, cujo objetivo básico era o de atrelar a vivência acadêmica a atividades de extensão ligadas a comunidades e aos problemas sociais. Neste caso, ficou patente que o ensino de filosofa tem sido colocado como um dos problemas fundamentais da educação atual: e este foi, possivelmente, um dos motivos mais diretos para a aprovação do projeto “Pensando nas Ruas”.

O título do mesmo já traz, em si, um destes duplos sentidos tão felizes ao nascimento de algo importante: estamos “pensando nas ruas”, no sentido de levar até elas a Filosofia – mas queremos, igualmente, que as pessoas estejam “pensando nas ruas”, ou seja, exercitando Filosofia o tempo todo, e empregando no cotidiano aquilo que aprenderam na escola.


Projetando

Para tornar viável o projeto, montamos então uma equipe de professores e graduandos cujos objetivos primeiros seriam os seguintes:
1) Analisar e construir métodos para o ensino e divulgação de temas de cunho filosófico.
2) Produzir material didático e de auxílio aos professores para o ensino e debate de Filosofia.
3) Realizar atividades de difusão da Filosofia, buscando apresentá-la como uma área atraente e enriquecedora, livrando-a do estigma de incompreensível, inacessível e hermética que tradicionalmente a tem acompanhado – justamente pela ausência do ensino de Filosofia nas escolas.

Dito isso, não foi difícil constatar que existiam algumas experiências preliminares que poderiam ser utilizadas no desenvolvimento do nosso projeto – mas quase todas elas se atinham à produção de livros didáticos, e não em uma metodologia do ensino de Filosofia. Supor que um livro já traz consigo um expediente metodológico é um erro gritante. Grande parte dos materiais disponíveis representa tendências de conteúdos programáticos, mas não sugestões de atividades, métodos, formas de trabalho, etc. Nisso há um outro abismo claro, decorrente das circunstâncias históricas, entre os expedientes pedagógicos relacionados ao ensino e a área de Filosofia: afinal, como se ensina Filosofia? Ela pode ser trabalhada como outras disciplinas? Quais, aliás, devem ser seus conteúdos e programas? A ausência de uma tradição neste sentido nos coloca absolutamente sem um ponto de referência. Não existem modelos testados, não temos experiências anteriores disponíveis. O outro lado disso, porém, é a inteira liberdade que temos de criar, imaginar e conceber o ensino desta área: livres das amarras institucionais, a área se encontra aberta de forma extremamente promissora, permitindo um legítimo campo por onde o saber pode se aventurar de forma espontânea e criativa. Quanto aos acidentes possíveis dessa trajetória, devemos ter em mente que eles podem ser calculados, mas são de certa maneira inevitáveis. A pergunta fundamental é se as outras áreas, mesmo tendo uma longa tradição de ensino, não cometem também seus erros ou possuem vícios dificilmente quebráveis: neste sentido, pois, a Filosofia não tem nada a perder e tudo a ganhar.


Investigando o problema

A primeira parte de nossa análise se constituiu, portanto, de analisar as tendências no ensino de Filosofia, e as razões pelas quais a Filosofia está sendo retomada como um campo de saber extremamente interessante. Não faz muitos anos, a Filosofia era uma área estigmatizada, e suas possíveis contribuições só apareciam, de forma indireta, pelo diálogo estabelecido com outras disciplinas, tal como história, as ciências, linguagem, etc. Sem haver um ensino de Filosofia nas escolas, a disciplina parecia carecer de sentido existencial; no âmbito acadêmico (salvo nas instituições da Europa ou EUA), a Filosofia era tida como superada, desnecessária, um setor fértil para as maquinações políticas que envolviam a dicotomia entre capitalismo x comunismo nos anos da guerra fria. Mesmo sendo campo de debate, a Filosofia não tornava acessível a sua produção aos olhos do popular (e em grande parte das vezes essa não era sua preocupação), o que nos permitira classificá-la quase como uma espécie de auto-ajuda que não auto-ajudava em nada – nem seus praticantes, e nem aqueles que poderiam aprender com seus praticantes.

Sócrates, o pai da Filosofia grega, possivelmente ficaria horrorizado com estas circunstâncias. Como conceber a Filosofia sem um caráter prático? Quando um filósofo de hoje afirma que “a Filosofia não serve para nada”, talvez ele devesse mudar apenas uma palavra em sua afirmação: “minha Filosofia não serve para nada”, pois com certeza nem ele sabe o que está fazendo. Alguém que não sabe o que está fazendo e mesmo assim persiste nesta condição é, possivelmente, um ignorante, e gasta oxigênio da nossa tão combalida biosfera à toa. Melhor seria que se dedicasse a outra coisa, pois como disse Confúcio: “Estudar sem pensar é fútil. Pensar sem estudar é perigoso".

Isso nos remete, portanto, a procurar definir em que momento a Filosofia voltou a ser um tema em baila na educação mundial. Alguns países mantiveram o ensino de Filosofia nas escolas, mesmo nos períodos mais difíceis do diálogo político mundial. A dicotomia entre o mundo “socialista” e “democrata” é que parece ter estabelecido, realmente, o parâmetro de “perigo” no ensino da Filosofia (e por tabela, da sociologia também); enquanto campos do saber que estimulariam uma reflexão sobre a política (como se fossem só isso!), elas se tornavam áreas críticas, perigosas, perniciosas ao bem estar social. O foco principal estava claro no reconhecimento que era dado à Filosofia como formadora de uma consciência crítica; e por este motivo principal, ditaduras de esquerda e de direita a removeram gradualmente dos currículos escolares, substituindo-as por disciplinas como “moral e cívica”, “estudos sociais”, etc., cujo objetivo era condicionar, e não fazer refletir.


A retomada

A retomada da Filosofia no campo do ensino básico ressurgiu a partir da década de 90, após a dissolução das tensões políticas no âmbito mundial com o fim da Guerra Fria. Alguns autores, preocupados em atrair novamente as pessoas para o campo da Filosofia, empreenderam um lento movimento de re-popularização da disciplina, fazendo-o através de expedientes curiosos como cursos alternativos, cafés filosóficos, semanas culturais, ou mesmo através de livros de divulgação, como o infalível “Mundo de Sophia” de Jostein Gaardner ou a tétrica série “Filósofos em 90 minutos” de Paul Straterhn (divertida, mas péssima em termos informativos!). Tal contexto fértil trouxe à tona, novamente, a difusão da Filosofia como uma seara válida de ser percorrida, mas cujo destino final parecia ainda nebuloso (sobre a questão da divulgação da Filosofia, vejam o texto de Beccari, 1999).

A Filosofia ressurgiu também como um modo de reagir face ao crescimento de movimentos radicais políticos e religiosos no contexto da modernidade. Sendo encarada como uma opção sadia a questão de uma globalização problemática, a Filosofia foi retomada como arma de contestação por causas ecológicas, sociais, científicas, éticas, entre os vários outros campos no qual pode se envolver. Toda esta demanda foi – e ainda é – excelente para despertar a consciência sobre a necessidade da Filosofia, mas ainda não é, de todo modo, um norte fundamental para entendermos como ensinar e fazer Filosofia nas escolas.


Meios

Nos remetemos, pois, a reconsiderar as experiências (poucas) que tivemos sobre ensino de Filosofia, ou melhor, das maneiras pelas quais se tentou popularizá-la. Se retornarmos até o início do século 20, podemos listá-las de modo básico da seguinte maneira:

1) Ensino de História da Filosofia – num primeiro momento, os professores interessados em ensinar Filosofia acompanhavam sua trajetória histórica, apresentando cronologicamente os autores (e ocasionalmente o seu contexto histórico). Esta perspectiva é atraente, pois já traz consigo a lista dos que deve ser estudado de um modo naturalmente arrumado e teoricamente evolutivo. O lado extremamente negativo desta metodologia, no entanto, é que o professor define os temas que devem ser apresentados, escolhe o que mais lhe interessa em um autor, e não necessariamente estimula a reflexão sobre os conteúdos, mas sim a sua mera aprendizagem e repetição. Além disso, o ensino da Filosofia fica parecendo um eterno progresso da mente humana, sem retorno, sem dicotomias ou idiossincrasias.

2) Ensino por Eixos temáticos – modernamente, é a forma de ensino mais difundida. A Filosofia é dividida em suas áreas principais (que acompanham a formação acadêmica), tais como ética, história da Filosofia, lógica, epistemologia, etc, e ensinada por meio dos conteúdos que compõe cada uma delas. Estes eixos envolvem, no entanto, uma organização complexa e ainda não resolvida de metodologia, que se manifesta em problemas como: devemos ensinar história da Filosofia primeiro? Quando ensinarmos ética, teremos que empreender sempre um retorno aos autores antigos? E estes eixos podem ser simplificados, ou alguns deles podem ser naturalmente difíceis? Algumas experiências já foram feitas, todas com seus aspectos positivos e negativos, e parte substancial do material didático hoje existente organizou-se neste sentido, embora não possamos perceber o quanto isso mostra que este modelo é efetivo e funcional. Citemos alguns exemplos: atualmente, temos 3 livros que representam de modo direto a tendência de ensinar por meio dos eixos temáticos; o primeiro, “Fundamentos de Filosofia” de Gilberto Cotrim, é um bom manual de Filosofia, de linguagem simples e acessível, cujo mérito é o pioneirismo – no entanto, o livro é muitas vezes superficial, quiçá lacônico nas informações, e as atividades por ele propostas não necessariamente estimulam o aprofundamento; “Convite a Filosofia”, de Marilena Chauí, é um clássico da Filosofia brasileira cuja abordagem é excelente, mas a linguagem é difícil para os leigos, e novamente carece de propostas de ensino (o livro, aliás, constata de forma indireta que ele é bom para a academia, mas talvez impróprio para o Ensino Médio – Chauí buscou realizar um outro livro sobre Filosofia no Ensino Médio que manteve, porém, muitas dessas dificuldades); por fim, “Filosofando”, de Maria Lúcia Aranha, é também um ótimo texto, que podemos posicionar entre ambos – bom de ler, denso na medida certa – mas até onde isso resolve ou aumenta os mesmos problemas dos anteriores, é algo complicado de afirmar. O Livro didático de Filosofia do Paraná englobou a idéia dos eixos temáticos, e ainda somou a ele a experiência pioneira do sistema folhas (em que os professores produzem textos sobre sua experiência de ensino, e doravante elas podem ser incorporadas ao livro didático); no entanto, o resultado não ficou muito melhor, ao contrário, algumas partes estão confusas e desconectas. A necessidade de avaliar, por fim, torna real o problema dos conteúdos a serem apresentados, e quais parâmetros utilizar.

3) Uma terceira tendência tem sido a de apresentar a Filosofia em eixos “conceituais”, ou seja, ao invés de analisar uma área em específico (como ética, por exemplo), podemos tentar realizar construções conceituais a partir de idéias ou temáticas propostas. Os livros “100 idéias que mudaram o mundo”, de Felipe Armesto, “Sci-filo”, de Mark Rowlands ou “O Porco Filósofo” de Julian Baggini, são três propostas atraentes de apresentar e colocar em discussão estes conceitos. A apresentação conceitual tem alguns problemas graves, no entanto: embora estimulante, ela exige uma base anterior, ou corre sempre o risco de ficar num “achismo”; e como esta base seria construída? Como isso seria feito no âmbito escolar? Seria necessário fazer um “período básico” de Filosofia antes de “ensinar Filosofia”???? Há ainda um perigo recorrente aqui: o de fazermos da apresentação conceitual um repeteco moralista e mal ajambrado das antigas disciplinas de OSPB, “Educação moral e cívica”, etc. cujo destino seria o de pôr, em pauta, a “questão das drogas”, “questão do aborto”, entre outras, que estão amplamente relacionadas a uma discussão filosófica, mas que não podem de modo algum ser o objetivo final do processo de construção do conhecimento filosófico. Afinal, isso não apenas formataria a Filosofia num caráter único como ainda, atravessaria (de modo não interdisciplinar) o trabalho das outras disciplinas.

Estas constatações nos apresentam um quadro geral das tendências de ensino de Filosofia, e vemos que alguns fatores são recorrentes: problemas metodológicos, modificação na linguagem dos textos filosóficos, atividades próprias para o ensino de Filosofia, enfim....há muito para se fazer, mas as experiências que nos propomos a realizar no projeto podem ajudar a abrir este caminho.


Planejando

Num segundo momento, buscamos analisar (ou mesmo, produzir) então as referências possíveis para a realização das atividades de ensino filosófico. Aqui, os procedimentos do projeto se dividiram em dois blocos diferentes: em primeiro lugar, buscamos desenvolver e aplicar exercícios filosóficos nas escolas, e a partir destas experiências, constatar quais obtiveram um retorno satisfatório ou precisam ser reavaliadas (e mesmo excluídas). Um campo propício para isso foi o desenvolvimento de um projeto de apresentações semanais de Filosofia numa escola da rede estadual em União da Vitória. As atividades são planejadas de modo livre, buscando estabelecer um programa de apresentações, mas sem um direcionamento fixo em uma das três teorias anteriormente citadas. O uso de expedientes já comprovados em outras áreas (dinâmicas de grupo, produções textuais e artísticas, etc.) também está sendo empregado, com as devidas adaptações, aos conteúdos de Filosofia. Estas experiências estão sendo apresentadas, sob forma de planos de aula e materiais didáticos, no site do Projeto, http://pensandonasruas.blogspot.com/.

Mas, para que estas experiências não fossem puramente empíricas, e feitas sem um direcionamento teórico, o segundo bloco de atividades consistiu em pesquisar as tradições de ensino de Filosofia anteriores no Brasil e em outras partes do mundo, onde tal atividade possui algum tipo de histórico válido. Experiências como as de Mathew Lippman e Walter Kohan demonstraram que, no ensino de Filosofia, o uso de atividades, jogos e desafios de raciocínio são bastante eficazes para despertar o interesse pela disciplina, principalmente no caso das crianças. O método de aprendizado no âmbito acadêmico dificilmente pode ser transposto, de forma direta, para o espaço escolar. Do mesmo modo, a eleição dos conteúdos parece indicar que o melhor é obter dos alunos um preparo mais profundo para o raciocínio, para a reflexão, do que o domínio propriamente dito de alguns eixos temáticos ou conceituais. Alguns países têm realizado experiências enriquecedoras neste campo (tal como França, Itália, Argentina, Marrocos, Senegal, entre outros), e pode-se observar que os resultados obtidos estão ligados intimamente à questões culturais, disponibilidade de materiais, estruturação do programa escolar, etc. (uma boa fonte sobre o tema é revista Discutindo Filosofia – especial, ano 1 n. 3, 2008, sobre o ensino de Filosofia). Uma tradição de ensino filosófico que tem sido bastante negligenciada é aquela representada pelas civilizações asiáticas, cujos sistemas conhecem um longo acúmulo de experiências que seriam interessantes para nós. O caso da China é clássico: organizado segundo a abordagem confucionista, datada do século 6 a.C., o sistema de ensino chinês foi, até 1911, determinado pela análise de textos básicos cuja fundamentação transitava entre temas diversos como história, literatura, ciências, e cujo sentido final era o de despertar o aluno para a reflexão moral, para a construção de uma cidadania responsável e por fim, para a preparação de exames realizados periodicamente que capacitavam os alunos a docência ou ao funcionalismo público. No cerne deste sistema estava a idéia que os jesuítas trariam para o ocidente, no séculos 16-17 d.C. de um sistema educacional eficiente, avaliativo e ético, que redundou posteriormente na criação dos concursos públicos e vestibulares (Bastos, 1998). Após a ascensão do comunismo em 1949, o ensino dos livros confucionistas foi colocado em segundo plano durante muito tempo, mas está sendo retomado. De todo o conjunto desta experiência, permanece na ideologia chinesa, até os dias de hoje, a importância do aprendizado filosófico (no sentido chinês) que se entende como base formadora da sociedade e da consciência crítica. Tomando-a como contraponto, podemos constatar o quanto o ensino de Filosofia é necessário a coesão social e intelectual de uma civilização.

O nosso desafio consiste, portanto, em encontrar um caminho próprio para a nossa realidade. Como iniciativa, o projeto tem diante de si a realidade da não existência da Filosofia em sala de aula em tempos pregressos; por outro, neste campo em aberto, as miríades de possibilidades são, justamente, o melhor e mais enriquecedor destas experiências, cujo resultado, se bem conduzido, será inevitavelmente bom. Ou, como disse Renato Russo:

Venha meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição


Referências

ARANHA, M. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2003.
ARMESTO, F. 100 idéias que mudaram o mundo. São Paulo: Arx, 2004.
BAGGINI, J. O Porco Filósofo. São Paulo: Relume Dumará, 2006.
BASTOS, A. Os exames na China Imperial. Macau: Fundação Macau, 1998.
BECCARI, A., “A Filosofia sai para as ruas”, in http://www.pFilosofia.xpg.com.br/04_miscelanea/04_11_galileu/galileu_05.htm, Galileu, n.98, 1999.
CHAUI, M. Convite a Filosofia. São Paulo: Ática, 2003.
COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1999.
KOHAN, W. & GALLO, S. Filosofia no Ensino Médio. Petrópolis: Vozes, 2000.
KOHAN, W. Filosofia para crianças na prática escolar. Petrópolis: Vozes, 2000.
ROWLANDS, M. Scifilo. São Paulo: Relume Dumará, 2005.

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