Quanto dura a vida de um sábio?

“Quantos anos você teria se não soubesse a idade que tem?”

Tal como os cabelos brancos não dizem a sabedoria de um homem, a idade de um corpo só diz há quanto tempo ele está no mundo. A sabedoria não tem, diretamente, qualquer relação com isso. A experiência e a descoberta podem vir com o tempo, mas dependem muito mais da atitude de busca do que dos dias e das noites.

A vida do sábio começa no momento em que descobre a sabedoria, e dura até o final de sua fruição. Por isso Mêncio disse que “grande é aquele que não perde seu coração de criança”, o que diz que um sábio é sempre jovial no seu modo de ver e viver o mundo. Ao lhe faltar força no corpo, não lhe está ausente, contudo, a vivacidade da mente; seus olhos, boca e ouvidos são extensões de sua sabedoria.

Por isso, mesmo que sua vista esteja fraca e ele enxergue mal, ele consegue, com os olhos da mente, perceber conexões profundas, desejos ocultos e o que está invisível; seus ouvidos podem já não escutar muito, mas apenas o necessário para compreender tudo; sua boca perde os dentes e fala quando pode, mas o que ele diz não se perde. Por estas razões disse o “Justo Meio”: “O Caminho é uma lei a que não podemos, por um só instante que seja em nossa existência, fugir. Se pudéssemos dele escapar, não seria mais o Caminho. Por conseqüência, eis porque o sábio espreita diligentemente o que seus olhos não podem ver, receia e se atemoriza com o que seus ouvidos não podem ouvir. Nada há de mais evidente do que o que não pode ser visto com os olhos e nada de mais palpável do que o que não pode ser percebido pelos sentidos. Por conseguinte, o sábio espreita diligentemente seus pensamentos secretos”. Isso ocorre porque a vida de um sábio é um compêndio de sabedoria, e suas lições são carregadas de amor à humanidade.

Quanto ao tolo, sua mente se prende ao seu corpo, e se corrompe com ela. Sua idade nunca será, pois, adequada ao seu corpo; novo, ele quererá ser mais velho; velho, ele quererá a juventude perdida. Insatisfeito, sempre, estará perdido; no fim da vida, seus maiores amigos serão os bajuladores e os aproveitadores, se alguma coisa de riqueza ele o tiver.

O sábio, porém, se perguntado sobre sua idade, provavelmente responderá, de modo franco, simples e direto: “a que está”. O sábio compreende que está no mundo, e assim o acompanha, tal como é o curso da vida.

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