A Espada da Mente

Confúcio tinha uma espada. Em nenhum momento de sua biografia, se vê que ele a tenha usado. O mestre treinava a espada, a arqueria e a condução de carros, mas aparentemente nunca precisou empregá-los. Se ele não era um mestre de artes marciais, porque usava uma espada?

Porque a espada é um símbolo de ação. O sábio está pronto a contradizer seus líderes, seus adversários e mesmo seuse estar colegas, se eles incorredno em erro. Suas palavras são afiadas, e cortam os enganos em dois ou mais pedaços. Por isso, o sábio deve estar pronto a se defender também. Ele preza a vida, mais a dos outros que a sua própria; no entanto, ele não pode abrir mão do que é correto. O sábio retribui o bem com o bem e o mal com justiça - isso faz com que, muitas vezes, sua sinceridade não seja bem recebida pelos tolos e criminosos. Seu bom humor, dosado de ironia e sarcasmo, é odiado por aqueles que praticam a iniquidade e a violência.

Assim é que a espada é um de seus símbolos. O livro é seu escudo e manto, suas palavras e pensamentos são a lâmina. Por isso, a sabedoria é a espada da mente. A sabedoria destrói a ignorância. Mas os ignorantes, muitas vezes, reagem mal à isso, e apelam ao temeroso e ao desmedido. Eles não respondem, reagem; não pensam, se perdem; não se arrependem, e sua vergonha se oculta na disfaçatez. Confúcio disse: sem princípios comuns, é inútil discutir.

Mas cabe ao sábio usar a espada? Ele não a usa indiscriminadamente. Disse Sunzi: a melhor vitória é aquela na qual não é necessário lutar. Do mesmo modo, aquele que pratica o caminho procura não apelar à violência. Ele se furta de brigas, repudia o conflito físico, busca ser cauteloso, mas precisa fazê-lo sem abrir mão do que é certo.

O sábio mantém sua espada afiada, mas é o parvo que sempre o faz desembanhá-la. A luta de um soldade é verdadeira, mas sem sentido; a do tolo é sem sentido e visa a imposição do mal pela força; a do sábio é a luta sincera e verdadeira, cujo sentido é sempre o que é bom. Por estas razões, ele prefere as palavras à espada, mas mantém as duas consigo.

Quando o dia chega, a espada sai da bainha sem fazer força. Tragicamente, ela encerrará o assunto. Sabendo disso, o sábio prefere os livros, o sossego, e o amor das boas companhias. Porém...carrega uma.

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