Invocação dos Ancestrais

Quando tudo parece falhar, invocamos os ancestrais. O que, porém, os ancestrais sabem que nós não sabemos? Do outro lado, eles sabem a verdade? Ou sabem tanto quanto nós, e por isso morreram? Se eles nada sabem, então não adianta invocá-los, senão para saber do outro lado da vida. Como Zhuangzi, só podemos descobrir se somos eu, borboleta, e qualquer outra coisa em qualquer outro lugar. Se eles sabem a verdade, contudo, o que é necessário fazer para que eles nos ajudem? E eles quererão nos ajudar, aliás? Não precisarão eles, na verdade, de nossa ajuda? Alguém faz oferendas aos nossos espíritos, do outro lado? Tememos os fantasmas; porque? Nós os invocamos, contanto que façam o que queremos. Quando eles vem por sua própria vontade e desejo, nós os repudiamos, e nos apavoramos com sua independência. Melhor será fazer como Wang Chong, e negar tudo isso? Ao meditar sobre estas coisas, fico confuso e embaraçado para chegar a uma conclusão. Gostaria de poder acreditar somente em mim mesmo, e o faço todos os dias, exercitando-me nos estudos. Mas na escuridão, deve-se acender velas para os ancestrais; eles estão um passo à nossa frente, seja qual for a direção que todos nós seguiremos. E se velamos por eles, não velarão eles por nós?

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