Cheguei à borda do mundo, e não há mar. Apenas um rio, uma montanha que espreme a vila contra a água e, da minha parte, uma dificuldade tremenda em compreender porque o povo do vilarejo não se deu uma opção de fuga em casos de inundações ou desabamentos. Aqui as coisas são como na capital, ela ficam apenas mais evidentes em função do número das gentes. Não há, porém, esperança – nem a boa, nem a ruim. A boa é o aguardo do que é certo e bom; a ruim, a espera passiva de mudança. Mas não há esperança, apenas angústia.
Para os que não acreditam ter futuro, a angústia é o motor da ação. As decisões são tomadas pelas circunstâncias, e pelas aparentes possibilidades. Tudo é tomado por sorte ou azar. O agir não pode ser calculado, mas apenas feito, pelo ímpeto. O mais próximo de um plano é o que podemos chamar de “artimanha”. A crença, geral, é de que nunca há uma outra chance, e as que ocorrem são sempre as últimas e definitivas. Nada pode mudar por vontade própria.
E, no entanto, as pessoas crêem que decidem por si, quando agem. Que sua vontade é possível; e assim, não percebem a latente contradição entre as coisas.
Por estas razões, descobri que, ao contrário do que Confúcio dizia, a terra não termina nos quatro mares; a vida não termina no fim da terra; e que a terra termina onde termina o pensamento, o único sintoma de vida do ser humano. Neste canto do mundo, o paradoxo é saber que tudo termina, e nada começa, porque as pessoas escolhem por isso. Por estas razões, aqui é um fim.
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