Era um pretenso buscador do caminho. Curioso, resolveu ir até a Escola de Confúcio, para dar uma olhada no que faziam por lá. Encontrou um dos discípulos do mestre, que estava estudando.
- Oi! Com licença, você é um dos alunos do mestre Confúcio?
- Eu tento-, respondeu o outro sorrindo.
- Você poderia me explicar no que consiste a doutrina dos estudos?
O discípulo matutou um pouco, e respondeu; - Claro; é saber o que se sabe, e saber o que não se sabe. Se há alguma verdade, deve ser essa.
O buscador não ficou nem um pouco satisfeito com a resposta, achando que era algum tipo de lorota dogmática. Pediu pra ser levado diretamente ao mestre.
Confúcio estava lá, lendo algum livro qualquer. Ele sempre estava estudando, e nas horas vagas ouvia música, se divertia com os alunos e - apesar de todos já saberem disso - lia romances e poesias escondido. Andava já pensando em escrever num gênero novo, que chamaria de "ficção", mas seu projetos educativos e políticos já lhe pareciam bastante próximos disso. Nunca perdia a fé, contudo, e era do tipo de pessoa que quando encasquetava com uma idéia que fosse boa pra todos, brigava por ela até que ela começasse a ser aplicada.
Bem, mas voltemos ao tal buscador. Ele sentou-se do lado de Confúcio, que pediu aos alunos pra que lhe servissem uns tira-gostos e um vinho de arroz que prevenia qualquer doença. O buscador, então, resolveu falar:
- Mestre, perdoe eu dizer isso, mas perguntei ao seu discípulo no que consistia sua doutrina e ele me respondeu, de modo muito simples e rasteiro, que consistia em saber o que se sabe e saber o que não se sabe. Ora, isso para mim diz muito pouco. Me parece superficial. Por outro lado, se eu perguntar mais, vocês me dirão que eu só poderei entender a doutrina de vocês se eu estudar, e isso tem jeito de ser uma armadilha; afinal, se eu estudar a doutrina dos letrados, já estarei me transformando em um. Se preciso me transformar em um letrado para entender o que vocês propõem, então, talvez suas respostas sirvam para vocês, mas não para todo o mundo. Creio que o verdadeiro caminho deve ser feito de coisas simples, que possam ser compreendidas por todos. Eu já sei tudo que eu preciso saber. Assim sendo, acho que o meu caminho não é o caminho dos estudos.
Confúcio levantou a sombrancelha de modo irônico, deu sua tradicional risadinha e respondeu:
- Desculpe eu perguntar, mas... se você sabe tanto, porque veio aqui nos aporrinhar?
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