Ao investigarmos a história do mundo, devemos atentar aos animais aos quais recorreremos para levantar nossas fontes.
A raposa é uma grande contadora de histórias, muitas delas cheias de magia, encantos e enganos. Os que buscam tolamente a verdade com fins pessoais primeiro se iludem e depois, se irritam, com suas lendas e contos. As raposas devem ser buscadas para compreender ou ensinar a história de valor moral, e suas observações sobre as coisas são precisas. Confundem-se, porém, nas informações que prestam – e às vezes, as ocultam dos néscios.
Já os coelhos têm muito a dizer, mas é sempre o mesmo. Se eles têm segredos, revelam a poucos. Mas é provável que não os tenham. Vêem o mundo com pressa, de forma breve, e seus relatos são de agora.
Os macacos são faroleiros, mentirosos e divertidos. Suas histórias devem ser ouvidas, apreciadas e sempre compreendidas ao contrário. Sua rapidez os coloca no tempo futuro – eles transitam no tempo, e por isso não se atém as épocas.
Os elefantes têm uma memória privilegiada. São gentis, atenciosos, dispostos e generosos. Enciclopédias perfeitas, não gostam, porém, de ser contrariados ou criticados. Ouça-os, recolha e analise criticamente longe deles. São fontes seguras, mas delicadas e ancestrais.
O corvo conhece os fenômenos celestes, e é excelente em datas, lugares e acontecimentos. Às vezes, conhece também o oculto.
O polvo é o grande redator da história. A natureza deu-lhe os instrumentos necessários para redigir o que os outros pensam, mas não concebe por si próprio. Até sua carne é ruim, de modo que seus predadores o poupem para que ele possa salvar os conhecimentos.
A tartaruga, porém, é a grande mestra da história. Antiga, viajada, experiente, crítica e sagrada, ela aproxima a terra do mar, conhece vários mundos, e busca preservar a continuação de seus saberes ao depositar a vida de modo escondido nas areias. Pergunte a uma tartaruga; ela pouco falará, mas fará sentido. Não há nada que ela possa afirmar que não tenha conhecido por si mesma. A ela, os animais e os homens prestam reverência; e quando o dragão, com inveja, brigou com a tartaruga, ele virou uma lenda, e nunca mais foi visto. Que alguém não se ponha acima da história, ou correrá o risco de ser esquecido.
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